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04 dezembro 2008

A "era" de Jesualdo

Há bem pouco tempo a equipa dos Dragões entrou numa crise de resultados como há muito não se via para os lados do Dragão e a contestação ao técnico subiu de tom, ao ponto de alguns orgãos noticiosos indicarem que a sua manutenção à frente da equipa estaria dependente do resultado em Kiev. A equipa haveria de assegurar uma vitória suada na Ucrânia, garantiu a continuidade na Taça à custa de uma vitória sofrida na decisão por grandes penalidades em Alvalade, na deslocação ao Fenerbache conseguiu a qualificação para os oitavos de final da Champions, voltou às vitórias no campeonato frente à Académica e segue na luta pelo título mas o actual técnico continua sem ser consensual no universo azul e branco. Depois de amenizada a tempestade provocada pelo ciclo de três derrotas do FC Porto é tempo de avaliar a "era" de Jesualdo Ferreira ao leme dos Dragões.
Depois de uma primeira época conturbada e em que, recorde-se entrou no clube a poucos dias do início do campeonato em virtude da deserção de Co Adriannse, Jesualdo Ferreira sem um plantel construído à sua medida assegurou ainda assim o bi-campeonato para os azuis e brancos. Adoptou desde o início o seu esquema táctico preferido o 4x3x3 em contraste com o 3x4x3 ou 3x3x4 de Adriannse, daí a primeira contratação da "era" de Jesualdo Ferreira ter sido um lateral: Jorge Fucile. Desde logo se percebeu pelo discurso e perfil estratégico do técnico que a prioridade seria dada às transições rápidas para o ataque e para um futebol apoiado na consistência defensiva. Foi uma primeira temporada bastante periclitante, a vitória no campeonato foi assegurada apenas na última jornada, para a Taça de Portugal a equipa baqueou frente ao Atlético em pleno Estádio do Dragão e para a Liga dos Campeões quedou-se pelos oitavos de final da prova. Na reabertura do mercado de transferências de Janeiro e na tentativa de resolver algumas lacunas no plantel chegaram Renteria para a frente de ataque e Lucas Mareque para a lateral esquerda. Ambos se revelaram contratações falhadas e não duraram mais de 6 meses no plantel. Primeira temporada com resultados mínimos alcançados, um futebol pouco atraente e uma equipa que vivia muito à custa da inspiração das suas unidades mais influentes.
Na preparação da segunda temporada exigia-se mais à equipa e deu-se nova incursão ao mercado, chegaram várias unidades para todas as posições do terreno num investimento total de 13 milhões de euros:Nuno, Stepanov, Lino, Fernando, Kazmierczack, Mario Bolatti, Leandro Lima, Edgar, Ernesto Farias, Luis Aguiar, Mariano e Rabiola. A base da equipa mantinha-se, com excepção de Andersson transferido para o Manchester e Pepe para o Real Madrid. Começa-se a notar um denominador comum nas contratações para o plantel, o mercado sul-americano, com especial incidência para o mercado argentino. Dos 12 ?!? jogadores que chegaram ao plantel, até ao momento apenas Fernando se mostrou uma solução de qualidade para o onze, vários foram desde logo cedidos por empréstimo e alguns foram entretanto transferidos, mantendo-se no plantel actual apenas Nuno, Stepanov, Bolatti, Mariano e Rabiola, não sendo nenhum deles titular. Nesta segunda temporada a equipa alicerçou-se na base do onze da época passada, desde cedo construiu uma vantagem folgada no campeonato com exibições convincentes e personalizadas, aproveitando o entrosamento normal entre os titulares e as escorregadelas das equipas da segunda circular, terminando o campeonato com 20 pontos de diferença para os perseguidores. Uma época que fica marcada pelas derrotas na final da Supertaça e Taça de Portugal contra o Sporting e ainda pelo facto da equipa não conseguir ultrapassar o Schalke 04 nos oitavos de final da Champions numa eliminatória decidida nos penáltis e em que era favorito à passagem.
Para esta última época a receita de sucesso foi a mesma: investir no mercado de transferências privilegiando a quantidade em detrimento da qualidade. Chegaram nove jogadores novos, para um investimento total a rondar os 20 milhões de euros! Para colmatar a saída de Paulo Assunção e as deficiências encontradas no meio campo, onde as soluções eram nitidamente fracas contratou-se: Freddy Guarín por um milhão de euros, uma promessa adiada do futebol colombiano que não conseguia singrar no futebol francês, onde era suplente raramente utilizado no Sain-Étienne e emprestou-se Paulo Machado ( que é actualmente titular no meio-campo da equipa francesa ); Tomás Costa chega do Rosário Central por 3,5 milhões de euros; envolvido no negócio de Quaresma chega Pelé avaliado em 6 milhões de euros, um trinco português que vem à procura de jogar com mais regularidade mas que está arredado do onze pela ascensão de Fernando, que foi resgatado ao Estrela onde estava emprestado pelo Porto. A defesa perdeu Bosingwa para o Chelsea, uma unidade importante que obrigou o clube a procurar um jogador no mercado para a sua posição, Sapunaru foi o escolhido por 3, 5 milhões de euros mas ainda não conseguiu convencer; Rolando veio do Belenenses e já agarrou o seu lugar no centro da defesa relegando Pedro Emanuel para o banco; para a lateral esquerda Benitez veio suprir um lugar carenciado depois da venda de Marek Cech mas é um verdadeiro flop e não deve tardar a ser dispensado. No ataque antevendo-se a saída de Quaresma, o clube reforçou-se com Rodriguez por 7 milhões de euros, mas o uruguaio tem estado abaixo das expectativas; Hulk veio compôr a linha atacante vindo do Tokyo Verdi do Japão numa contratação avaliada em 5 milhões de euros e tem justificado as boas indicações que deixou em terras nipónicas. Muitos novos jogadores, um investimento avultado mas para já as indicações dadas dizem que a quantidade supera em muito a qualidade pretendida e desejada para um clube com os objectivos do FC Porto.
A época começou novamente com a derrota na Supertaça e frente ao Sporting, mas a equipa viria a retratar-se com a vitória para o campeonato e para a Taça de Portugal em Alvalade. A época segue agora com a qualificação para os oitavos de final da Champions assegurada, com a eliminatória com o Cinfães para a Taça e um péssimo 5º lugar a 6 pontos da liderança, ainda que com um jogo a menos.
A imagem mais marcante que fica deste inicio de temporada é a irregularidade da equipa e a pálida exibição no Emirates Stadium onde o Porto foi goleado por 4-0, com direito a um cínico sorriso de Arséne Wenger, demonstrativo da facilidade com que o Porto foi batido e a humilhação a que se sujeitou.

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